Hey everyone, tudo bem?
Alguns de vocês devem ter notado que não
estamos postando com muita frequência, certo? Mas, só pra deixar claro, além
dos integrantes não terem muito tempo livre, o blog está passando por grandes
mudanças. Desse modo, peço, mais uma vez, que sejam pacientes. : )
De qualquer forma, pensei em passar aqui
rapidinho, e deixar esse post falando de um livro que eu li há alguns meses atrás
e adorei: Ratos, de Gordon Reece.
Nesse
livro, são as pessoas que não se impõem, sofrem todo tipo de abuso caladas, não
tem coragem ou sentem algum tipo de bloqueio quando confrontadas. A narradora
Shelley, de 15 anos, e sua mãe, recentemente separada, são duas ratas assumidas.
“Fitando
o céu, eu gostava de imaginar que vivia em uma época mais simples e inocente –
de preferência antes de surgirem os seres humanos, quando a Terra era um vasto
paraíso verde e quando a crueldade de ferir apenas por puro prazer era
completamente desconhecida.” [pág. 14]
A
trama passa por idas e vindas no tempo, acompanhamos momentos de alguns anos
atrás quando a vida da adolescente era tranquila, depois toda a turbulência do
divórcio, a briga judicial, o bullying, até o presente quando mãe e filha vivem
isoladas em uma casa no campo. A narração pelo ponto de vista de Shelley é
muito envolvente, a garota é inteligente e estranha.
Gordon Reece |
Shelley é uma garota
comum, esta um pouco acima do peso, é estudiosa e tem uma personalidade
pacífica. Ela costumava ter uma rede de segurança na escola, as suas três
melhores amigas – Emma, Jane e Teresa – o grupo formava as Jets. Mas tudo
começou a sair dos trilhos no inicio da adolescência, quando suas amigas
deixaram de se interessar pelas aulas e brincadeiras, para pensar em garotos e
roupas, Shelley não mudou como elas e por isso se tornou uma pária, por
consequência, um alvo. Então começou a sofrer intimidações, ataques físicos e
verbais, diariamente na escola, para piorar, suas principais agressoras eram as
ex-amigas.
A narração é em 1ª
pessoa, o que faz o leitor sentir quase na pele a situação horrível da jovem
Shelley. Real e deprimente. O que me fez pensar nos comentários por aí, de
pessoas que consideram o bullying uma piada, algo inventado,
eles dizem que a nova geração é muito sensível, quando na verdade é algo muito
sério que esta sendo mal interpretado, como se qualquer apelido e xingamento pudessem
ser classificados assim. Bullying são ataques contínuos,
humilhantes, intimidadores e maléficos, não é brincadeira de criança, e só
menospreza quem nunca passou por isso... Em Ratos fica bem
claro como é.
Além dessa situação
no colégio, em casa, a família passa por um divórcio rancoroso, com
brigas judiciais, até ser decidido pela venda da “propriedade
matrimonial” e a guarda de Shelley para a mãe. Os ataques na escola
contra Shelley ficam cada dia mais violentos, até que ela vai parar no
hospital. Ela e a mãe decidem mudar-se para o campo e a garota para evitar
problemas resolve cursar o último ano em casa, com tutores particulares.
E a mãe? Assim como
a narradora, também questionei sobre a possibilidade da fraqueza da mãe
influenciar no (mau) desenvolvimento da filha, mas foi apenas reflexão, acho
que no fundo cada um pode encontrar a própria força, igual uma boa base
familiar sempre ajuda. Elizabeth, largou uma carreira promissora como advogada
a pedido do marido para criar a filha. Ela sempre foi submissa a ele, e sofreu
durante todo o casamento e agora com a separação. O pai deixou
as duas sem quase nada, então ela teve que voltar ao mercado de trabalho depois
de anos, já sem tantas possibilidades de crescimento. No emprego novo, ela
sofre com os colegas e chefe, eles abusam de sua natureza, ela acaba sempre
recebendo trabalho extra, não ganhando crédito pelo o que faz e não recebe um
salário compatível. Apesar de mãe e filha terem, como a garota diz: nascido
com o gene de vítima, serem alvos naturais, e serem muito amigas, elas têm
personalidades distintas. Elizabeth é bem mais misteriosa, contida e séria.
Pode parecer que
contei demais, porém apenas situei a história, como elas chegaram ao presente,
à trama desenrola mesmo, depois que elas já estão instaladas no Chalé
Madressilva e recebem na noite do 16º aniversário de Shelley a visita
de um Gato, um bandido para perturbar a paz recém-encontrada pelas
duas mulheres.
Todo mundo tem um
limite, existe uma quantidade de desaforo, abuso, violência tolerável por cada
pessoa, e sinceramente, duas mulheres com tanta bagagem nesse aspecto não são a
melhor opção para um ataque, comparadas aos outros, elas têm que estar mais perto do
basta e é isso mesmo... Uma trégua, algum alívio, que aguardava
desde o início da leitura.
Ratos trás um enredo tenso e bem
desenvolvido, um suspense perturbador, a narração não poupa ninguém, a cenas de
violência são fortes e bem gráficas. Os personagens são realistas e profundos,
a história mexe bastante com o emocional, desperta questionamentos sobre
limite, o certo e o errado, a justiça. Shelley é uma narradora excelente, cheia
de defeitos, ela analisa tudo e muitas vezes se contradiz principalmente em
benefício próprio. Aliás, essa ambiguidade em torno dela faz a escolha da
narração em 1ª pessoa nesse caso ainda melhor, deixa tudo mais interessante. Em
alguns momentos torci por ela e em outros a achei aterrorizante, ela é de longe
o melhor e o pior personagem do livro.
Enfim, Ratos é um livro incrível, e eu realmente espero que vocês
se interessem por ele. A leitura vale
realmente a pena. : )
Até o próximo post.
Xoxo!
Neu.
1 comentários:
parece ser mt bom .
vou procurar ler sim ;]]
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